Arranhou, mas não derreteu. Sonhava em subir ao topo do
icebergue e conquistar a vitória. Mas como todos os gatos vivia numa vida cómoda
de procurar um dono que o colocasse num lugar ao sol.
De pelo escuro e brilhante, tinha medo do frio. De um
toque que o escaldava, mais do que protegia.
Como todos os gatos cuidava de si, mas esquecia-se que
era preciso mais.
Um icebergue derrete quando a vida lhe mostra um novo leito
para a sua água gélida. Água que se torna morna quando encontra a sua ilha de
abrigo.
Uma viagem que decorre dia após dia. Uma viagem que não
se encontra facilmente.
Porque um gato é do sofá e do toque, que lhe amacia o pêlo.
E um icebergue só o faz quando derrete e consegue percorrer o corpo do gatinho
com um toque suave e quente, porque já diz o ditado, “gato escaldado de água
fria tem medo”.