quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Sente-se… Esteja à vontade!




 Há um espaço em branco, um lugar por ocupar.
Senta-te, descansa, serve-te das histórias que essa cadeira já ouviu!
Vidas que se cruzaram nesse lugar. Corpos que procuraram descansar dos contratempos, dos momentos de felicidade. Rostos que choravam, sorriam, davam de si.
Uma cadeira que no fim do dia ficava vazia de vida, mas cheia de uma alma de histórias. O seu veludo vermelho aquecia-te num inverno, acompanhado de uma chávena de chá. O aroma da menta espelhava-se pela sala. Conversas jogadas fora, destinos que se cumpriam a cada toque, a cada melodia que se formava das palavras que eram jogadas numa sala sem objectos que emolduram o destino.
A cadeira mágica que nos leva a viajar sem cobrar um destino.
Fecha os olhos, sente, vive este momento que é só teu… Só ela te pode ouvir, será tua confidente e não revelará os teus segredos.
Agora vai… Vais viver e ela ficará sempre à tua espera, com a tua vida guardada para quando a quiseres resgatar nos teus pensamentos.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Uma saída, duas entradas…



Reduz-se a vida a escolhas cheias de certezas e algumas incertas. Procuramos uma saída para as dúvidas, os nossos anseios.
Escolhemos para acalmar o coração. Perdemos, ganhamos, caímos e levantamo-nos no segundo seguinte. Erguemos a cabeça e seguimos em frente acreditando que o que lá está será melhor.
Fazemos escolhas porque somos recheados de uma esperança que mesmo reprimida, será inabalável a cada expirar nosso.
Portas que se fecham para nós, um virar de costas que chega a um tempo que se torna indiferente, perde o valor da perfeição para ganhar o estatuto de apenas mais uma experiência vivida.
O fim que à muito tempo chegou, que não dá para voltar atrás… À nossa espera estão uma infinidade de portas abertas que se alimentam da esperança de serem escolhidas por nós.
Entradas que nos guiam por um mundo novo de experiências. O renascer dos sonhos, da serenidade e de um equilíbrio que procuramos manter a todo o custo.
Enfim…um balançar entre o desequilíbrio e o equilíbrio que se torna vital. Está é a pulsação do nosso viver, a saída que renasce numa infinidade de entradas. Este é o poder das nossas escolhas. O (re)criar de uma vida.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Doutor dos Sentimentos




Abre-se a porta, três passos, um divã e um coração que se expõe. Sentimentos voam através de palavras. Este é o consultório sentimental, a consulta de uma vida que se quer construir. Desespero, lágrimas, dores de corações partidos. Feridas que tardam em sarar.
Tiramos os pensos rápidos que escondem as cicatrizes. Mostramos as marcas da violência do nada. Procuramos em alguém o conforto, uma solução.
Esvaziamos de nós promessas que nunca se cumpriram.
Voltamos a tapar a ferida, levantamo-nos, abrimos a porta e regressamos ao mundo continuando a esconder as marcas de uma alma em sofrimento.
Vivemos aguardando e tentando fechar a ferida. Esperando que de uma vez por todas ela morra, deixe de existir.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Depois das Oito às Cinco


Chegamos à hora certa, à hora marcada pelo destino. As nossas chávenas cruzaram um mar de sabores intensos e exóticos. O sabor da hortelã-pimenta…De uma corrente fresca que percorria o corpo e nos guiava por um trilho de sensações.
Vivemos durante um tempo esotérico de cheiros, sabores e conversas gourmet. Éramos seres especiais que levitavam ao encontro de cada sabor.
A caixa de chocolates aberta à nossa frente, oferecia-nos pequenas viagens para o mundo dos sabores. Fomos ao Brasil acompanhados pelo recheio a café, à India com o gengibre… Sabores inesperados em combinações difíceis, tal como nós. Os chocolates personificavam-nos. Assim, era mais fácil de nos entendermos.
O nosso encontro tinha sabor a chocolate e pimenta, a cravo e canela. Era doce, picante e crescia sem pretensões tal como as flores.
Marcávamos sempre encontro depois das oito às cinco…

sábado, 3 de março de 2012

Bolas de Sabão



Flutuam livres pelo ar, mas basta-lhes um toque para que a sua magia desapareça. Olhamos com ternura, sonhamos com elas, damos o conteúdo dos nossos sonhos, mas podemos destruir a sua beleza assim que o decidirmos, porque afinal de contas somos os seus autores.
Existem coisas que nasceram para ser livres, que vivem apenas para pairar à nossa volta.
Por vezes vive uma beleza naquilo que conhecemos com distância, que mantém sempre uma parte inacessível a nós…Talvez seja o seu lado utópico que nos atrai, aquilo que vemos, criamos, mas não o que é na realidade, o seu verdadeiro corpo.
Há uma beleza que chega a ser desmedida no não conhecer. Ultrapassa fronteiras dentro de nós, faz-nos viver com um sorriso, mas só porque não se realizou, não passou ao concreto.
Aparecem-nos situações e pessoas que o seu lugar é mesmo esse, deixar o nosso lado mais criativo viver e beber a essência que o alimenta.
Havemos em algum tempo da nossa vida ser o sonho de alguém e pairar nesse mundo que não pertence à Era do toque. Teremos os sentimentos, convicções, beleza, encanto que nos dão gratuitamente sem pedir em troca a correspondência a essas expectativas.
Quando esta força não for mais necessária estoiramos esta bola de sabão das nossas quimeras.