terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sentidos Cruzados


Este caminho longo que nos seduz a cada passo, cruza dentro de si emoções opostas.
Num dia é o nosso “lar doce lar”, noutro empurra-nos para o “inferno” do medo.
Baralham-se os sentidos e deixamos de conseguir identificá-los.
O paladar traz-nos um sabor ao qual a nossa visão encerra os olhos, numa tentativa de afastar um toque que de tão aconchegante nos oferece o medo de ser efémero.
Sentimos o cheiro de algo que nos é familiar, de um corpo, um momento, de um prazer curto e fugaz.
Na esperança de sermos felizes tentamos eternizar momentos. Pequenas peças de um puzzle que seria belo se nos permitissem montá-lo.
Andamos perdidos em torno dos cinco sentidos. De volta daquilo que torna visível os sentimentos.
Cruzamos um olhar que não é um simples olhar, mas sim o dizer algo que já não conseguimos esconder.
Na nossa boca formam-se palavras, para retirar a subjectividade do olhar. Com o mover dos lábios e o som, deixamos escapar o carinho e tornámos alguém mais forte.
Quanto aos braços damos-lhe a forma de um abraço. Um abraço que protege de tudo o que de mal poderia acontecer.
Os ouvidos deixamos que sejam embalados por aquela voz que nos faz sorrir, que acalma o corpo perdido.
O cheiro, esse… Faz-nos sonhar. Estimula a nossa imaginação, transporta-nos para um lugar que já nos foi permitido viver.
Misturamos todas estas sensações. Vivemo-las diariamente sem nos darmos conta da sua importância e de que podemos estar a mudar a vida de alguém, ou tão simplesmente a nossa.
A verdade é que por muito que queiramos não podemos sair impunes às coisas boas e más. Só nos resta escolher o caminho. Não fugir dele. Não ter medo do que sentimos, de nos darmos. Às vezes só nos falta mesmo entender que estamos no caminho certo e pararmos de fingir que não o vemos, não o sentimos.
Nem sempre os olhos do mundo são os mais claros. Às vezes precisamos dos olhos do coração para nos vermos mais além… A linha do nosso horizonte somos nós que a construímos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Correntes de um Medo



Vivemos à procura do destino certo para nós. Tentamos a todo o custo evitar um caminho com percalços ou perder o comboio.
Por vezes, fugimos com medo do que sentimos, com medo de vir a sentir, com medo de nos magoarmos novamente. Vestimos as nossas armaduras de fuga e deixamos a mala na estação por receio de não estarmos a fazer a escolha certa. Deixamos a nossa bagagem para que um dia possamos voltar atrás e entrar no comboio que nos levará ao destino que um dia abandonamos por medo.
Vivemos presos à parte humana do racionalismo, do esconder, do pensar que ser forte é evitar.
Os receios que deixamos acorrentados a nós de um passado levam-nos a brincar ao gato e ao rato num novo caminho. Tentamos a todo o custo preservar o nosso coração para que ele não leve com mais uma flecha envenenada e nos atire ao chão.
É sempre mais fácil o escondermo-nos de nós próprios e dos sentimentos que possam estar a nascer em nós.
Evitar parece a curto prazo o caminho com menos custos emocionais. A verdade é que ao fugirmos podemos estar a deixar escapar-nos por entre as mãos a oportunidade de sermos felizes.
Ensaiamos tantos cenários de guerra na nossa cabeça, quando na realidade as coisas não nos são assim apresentadas. Temos consciência disso, mas criar um cenário catastrófico é-nos sempre mais fácil, do que baixarmos as defesas e deixarmo-nos levar pelo bom da vida, dos sentimentos e das pessoas.
É preciso abrir o coração ao “risco” para podermos saborear o doce momento das emoções partilhadas e da força dos sentimentos.
Arriscar por vezes é a escolha mais segura e sensata que podemos tomar.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Direcções Ocultas



Apenas o presente tem duas direcções que podemos escolher. O passado e o futuro apresentam-nos um caminho de sentido único e obrigatório.
A liberdade da escolha é no aqui e no agora. Está dentro de nós.
As escolhas gritam dentro do nosso e coração e da nossa cabeça para serem anunciadas.
Vivemos presos a dois tempos. Um que já foi nosso e outro que não saberemos se poderá vir a ser nosso.
Esquecemo-nos de viver e sentir o que está diante dos nossos olhos e nos toca no dia-a-dia.
Andamos perdidos num mapa que só indica dois caminhos com histórias ou que foram ocultadas ou que ainda são ocultas para nós.
Certo é agarrar a bússola e procurar o norte do presente.