Este caminho longo que nos seduz a cada passo, cruza dentro de si emoções opostas.
Num dia é o nosso “lar doce lar”, noutro empurra-nos para o “inferno” do medo.
Baralham-se os sentidos e deixamos de conseguir identificá-los.
O paladar traz-nos um sabor ao qual a nossa visão encerra os olhos, numa tentativa de afastar um toque que de tão aconchegante nos oferece o medo de ser efémero.
Sentimos o cheiro de algo que nos é familiar, de um corpo, um momento, de um prazer curto e fugaz.
Na esperança de sermos felizes tentamos eternizar momentos. Pequenas peças de um puzzle que seria belo se nos permitissem montá-lo.
Andamos perdidos em torno dos cinco sentidos. De volta daquilo que torna visível os sentimentos.
Cruzamos um olhar que não é um simples olhar, mas sim o dizer algo que já não conseguimos esconder.
Na nossa boca formam-se palavras, para retirar a subjectividade do olhar. Com o mover dos lábios e o som, deixamos escapar o carinho e tornámos alguém mais forte.
Quanto aos braços damos-lhe a forma de um abraço. Um abraço que protege de tudo o que de mal poderia acontecer.
Os ouvidos deixamos que sejam embalados por aquela voz que nos faz sorrir, que acalma o corpo perdido.
O cheiro, esse… Faz-nos sonhar. Estimula a nossa imaginação, transporta-nos para um lugar que já nos foi permitido viver.
Misturamos todas estas sensações. Vivemo-las diariamente sem nos darmos conta da sua importância e de que podemos estar a mudar a vida de alguém, ou tão simplesmente a nossa.
A verdade é que por muito que queiramos não podemos sair impunes às coisas boas e más. Só nos resta escolher o caminho. Não fugir dele. Não ter medo do que sentimos, de nos darmos. Às vezes só nos falta mesmo entender que estamos no caminho certo e pararmos de fingir que não o vemos, não o sentimos.
Nem sempre os olhos do mundo são os mais claros. Às vezes precisamos dos olhos do coração para nos vermos mais além… A linha do nosso horizonte somos nós que a construímos.