Sonhava com o amanhã e em agarrar um futuro repleto de contentamentos. Vivia descontente com o que tinha. Para ele não existia o aqui e agora. Esse era apenas um caminho de sentido único e obrigatório para o futuro, mas que não se permitia sentir.
Parecia lutar aos olhos de quem o via sentado num lugar. Envolto em apontamentos, projectos e estratégias, que não passavam de utopias. No fundo era um passivo de acções.
Andava para a frente e para trás na vida como se de um baloiço se tratasse. As cordas que o prendiam às traves de ferro de um qualquer jardim eram os sonhos feitos de muitos nadas e que procuravam ser um todo absoluto.
Para ele era tudo ou nada. Vivia com a convicção do tudo, mas no fundo estava cheio de nadas, pois abandonava tanto o que conquistava, como o que se aproximava de si.
Era um náufrago de sonhos numa ilha que para ele era deserta, mas estava cheia de pessoas que insistia em não encarar.